Fascite Plantar.
Patrycia Araujo – Médica do CMS
Vila Canoas.
Fascite Plantar se refere a uma dor plantar originada
na fascia plantar. Ela se caracteriza por uma inflamação ocasionada
por microtraumatismos de repetição na origem da tuberosidade medial do calcâneo. As forças de tração durante o apoio levam ao processo
inflamatório, que resulta em fibrose e degeneração das fibras fasciais que se originam no
osso. A Fascite Plantar surge
com maior frequência em indivíduos obesos e ocorre quando há muita tensão ou o uso
excessivo da faixa de tecido denso da sola do pé. Isso pode provocar dor e
dificuldade para caminhar.
A Fascia Plantar é uma faixa apertada de
tecido conjuntivo fibroso denso que prende o calcâneo à base dos dedos do pé,
servindo como viga para a manutenção do arco longitudinal medial. O tendão de Aquiles também se prende no calcâneo. Se o
tendão está muito tenso, há uma redistribuição ao longo da fáscia. Se seu pé fica
instável durante tempos críticos ao andar, o arco dobra puxando a fáscia plantar.
Muita tensão pode rasgá-la, o que resultará em dor e edema local. A fáscia plantar
retém músculos e tendões na planta do pé e nos dedos, reduz a compressão das artérias
e nervos plantares e digitais, e auxilia o retorno venoso. Parte da fáscia
profunda, inferior às estruturas plantares, é chamada aponeurose plantar.
A Fascite
Plantar atinge cerca de 10% da população em pelo menos um momento da vida, e sua causa mais comum é de origem mecânica, envolvendo
forças compressivas que ampliam o arco longitudinal do pé. 60% do peso corporal
estão distribuídos sobre o calcanhar, de 31 a 38% na região da cabeça dos
metatarsos e somente cerca de 5% na região medial do pé.
A fascite plantar não é a mesma coisa que esporão do
calcâneo. Quando ocorre a lesão próximo ao osso, este pode tentar se
curar produzindo osso novo. Isto resulta no desenvolvimento de um esporão de
calcâneo. Sem a espora, a condição é chamada de fascite plantar, que é apenas a
lesão muscular. O esporão de calcâneo é uma formação óssea reativa em forma de
esporão (espícula óssea), localizada na face plantar do calcâneo. Pessoas com esta patologia têm dor na região plantar sob o
calcâneo. Alguns artigos afirmam que o esporão é uma consequencia da fascite
plantar. O esporão do calcâneo faz parte do quadro, e se caracteriza por um
crescimento ósseo no calcâneo, mas é importante salientar que a dor do esporão
não ocorre na fáscia plantar, e sim nas lesões causadas pela espícula óssea que
se formou no osso do calcâneo, passando a agredir o músculo flexor curto dos
dedos, adjacente a fáscia. Apenas 50%
das pessoas com fascite plantar têm esporão, e 10% das pessoas sem dor
no calcâneo também tem esporão.
Fatores de risco: falta de flexibilidade do arco longitudinal da fascia
plantar, rigidez da musculatura da panturrilha, corridas de longa distância, sendo
uma anomalia comum entre corredores, calçados inadequados à curva do pé ou
frouxos, obesidade, permanência por longos períodos em pé, danças, incluindo
especialidades como o ballet e danças aeróbicas, problemas
no arco do pé, como pé chato e pé cavo, aumento súbito de peso, tensão/encurtamento
no tendão de Aquiles, que liga os músculos da panturrilha ao tornozelo, alterações
na formação do arco dos pés, pisada errada, esforço excessivo da sola do pé.
As
manifestações da Fascite Plantar caracterizam-se pela dor local ao redor da
base do calcâneo e no arco plantar, principalmente ao levantar-se da cama, ou
após um período de repouso. A dor é crónica e melhora após a movimentação, sendo
reincidente e diária. A Fascite
Plantar é resultado de uma desordem nas fibras da aponeurose plantar, causada
possivelmente por anormalidades anatômicas e pelo seu uso excessivo. A fascite
plantar afeta geralmente homens ativos com idades entre 40 e 70 anos, sendo uma
das reclamações ortopédicas mais comuns relacionadas aos pés. A queixa mais comum é dor e rigidez na
sola do pé. A dor no calcanhar pode ser leve ou aguda. Também pode ocorrer dor
ou sensação de queimação na sola do pé. A dor normalmente é pior: pela manhã,
ao dar os primeiros passos, depois de ficar em pé ou sentado por algum tempo, ao
subir escadas, após atividades físicas intensas. A dor pode se
desenvolver lentamente com o passar do tempo ou repentinamente após atividade
intensa.
Tratamento:
1. Alongamento de panturrilha
normalmente têm uma participação na fáscia plantar. Exercícios com panos e
bolas de tênis podem cooperar com o alongamento da fáscia plantar.
2. Repouso.
3. O uso de fitas desportivas. Com o
auxílio de fitas apropriadas do tipo adesivo, há uma maior proteção da fáscia
plantar, auxiliando na recuperação. A fita tem resultado porque, ao ser
posicionada em certos lugares, elimina a tensão que provocou a inflamação. Na
maioria dos casos, apresenta melhora imediata sendo, entretanto, desapropriada
se houver envolvimento nervoso.
4. Gelo
(crioterapia) é recomendado em
lesões agudas, recentes. A água quente (termoterapia)
é recomendada em lesões crônicas, antigas e reincidentes. O gelo é analgésico e
anti-inflamatório. O calor normalmente incomoda a maioria dos pacientes com
fascite plantar, apesar de ser o recomendado. O gelo pode ser mais eficiente. O
procedimento é aplicar o gelo até não sentir a sola do pé, cuidando para
prevenir queimaduras de frio.
5. As palmilhas ortopédicas melhoram
substancialmente a dor, mas não a cura. São chamadas de órteses, feitas
sobre medidas, e acha-se facilmente em lojas de podologia. Elas influenciam na
pisada.
6. Anti-inflamatórios somente
servem em caso de início de inflamação.
7. Um
método que é pouco utilizado e visto como antigo é a utilização dos "splints", aparelhos que
mantêm o tornozelo em 90° para manter a musculatura posterior da perna e a própria
fáscia alongada durante a noite.
8. Crochetagem é uma nova técnica
manipulativa, desenvolvida pelo fisioterapeuta sueco Kurt Eeckman, colaborador
do Dr. James Cyriax, que age também no tratamento da membrana. A técnica
baseia-se na utilização de ganchos ou "crochets", que são utilizados
na quebra das aderências do sistema músculo-esqueletico. Divide-se em três
fases sucessivas: Palpação digital,
palpação instrumental e fibrólise. Há ainda, a técnica perióstea e a drenagem.
Seu objectivo principal é o rompimento de pontos de fibrose, geralmente
causados pela acumulação de cristais de oxalato de cálcio nos planos
aponeuróticos, causando irritação. A fibrólise consiste em uma tracção
complementar, realizada com a mão que segura o gancho, ao final da fase de tração
instrumental. Essa fase corresponde ao tempo terapêutico. A palpação digital consiste em uma espécie de amassamento digital, que
permite um delineamento da área a ser tratada. A palpação instrumental,
realizada com o gancho que melhor se adapte a estrutura a ser tratada, serve
para a localização precisa das fibras conjuntivas aderentes e os corpúsculos
fibrosos, e é realizada colocando-se a espátula do gancho junto ao dedo
indicador da mão esquerda.
9. O ultrassom auxilia com vibrações
moleculares de tecidos ricos em água. Quando as moléculas de água são colocadas
num campo electrostático, elas sofrem variações constantes na sua localização,
e esta vibração irá gerar calor na célula, aumentando o metabolismo e causando
vasodilatação. O calor interno faz com que acelere a cicatrização.
10.
Infravermelho, luz apontada
ao pé, tem o objetivo de agir como o ultra-som, porém na parte mais externa.
11.
Terapia por Ondas de Choque
Extracorpórea ou E.S.W.T. (Extracorporeal Shock Waves Therapy). Com auxílio de
elétrodos, o fisioterapeuta estimula o músculo da fáscia. O método apresenta ação
analgésica, minimamente invasivo, com efeitos colaterais insignificantes, bem
tolerado, e seguro para o paciente. Segundo dados estatísticos,
resultados positivos somam 85% de melhora da Fascite Plantar em relação a esse
tratamento. Indicação: dor
típica à digitopressão, carga (início de marcha e durante marcha), tratamento
conservador sem sucesso por mais de 3 meses. Exclusão às ondas de choque:
Idade menor que 18 anos, gravidez, alterações vasculoneurológicas, infecção
local, tumores, doenças de coagulação sanguínea.
12.
EPF (Endoscopic plantar fasciotomy)
ou fasciotomia plantar endoscópica, ou ainda ressecção de fáscia plantar é uma
cirurgia para tratamento da Fascite Plantar, e representa a última
opção de tratamento. A taxa de sucesso varia entre 37% a 60%, dependendo da
complexidade. O procedimento requer um bom nível de habilidade. Ele é feito em
aproximadamente 30 minutos. Após a anestesia, o cirurgião cortará uma porção da
fáscia no calcanhar. Duas incisões são feitas a cada lado do calcanhar. Uma
câmara endoscópica avalia a tensão da fáscia. Assim, um novo tecido preencherá
o espaço. A recuperação depende de idade, peso e atividade do paciente, ficando
entre 1 a 3 meses de repouso. Complicações compreendem enroscamento nos nervos
e severo desconforto.
Em havendo Esporão do Calcâneo, a remoção do osso em crescimento nem sempre é bem
sucedida, e em alguns casos são constatados casos de fraturas. A remoção do
anexo ósseo da fáscia plantar diminui o arco do pé e apresenta melhorias aos
sintomas.
Normalmente,
faz-se aconselhamento do paciente com o fisioterapeuta, que prescreve a técnica
a ser útil e os tratamentos coadjuvantes para a reabilitação do pé. Há também a
possibilidade de aplicações de injecções de cortisona, que é um tratamento mais
drástico, e somente será feito pelo médico caso todo o tratamento se mostre
inútil.
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