Esteatose Hepática
Patrycia
Araujo_Médica do CMS Vila Canoas
Esteatose Hepática é uma condição reversível na qual
grandes vacúolos de gordura do tipo Triglicerídeo
se acumulam nas células do fígado. Apesar de ter
diversas causas, ocorre principalmente em pessoas que consomem álcool em excesso, e obesos (com ou sem
efeitos da resistência à
insulina).
Essa condição também é associada com outras doenças que influenciam no metabolismo da gordura. O
fígado é um órgão de primordial importância, sendo a principal unidade de
fabricação e armazenagem do nosso organismo, e um dos responsáveis pelo
metabolismo de proteínas, açúcares e gorduras que ingerimos na alimentação. Nosso
fígado possui normalmente pequenas quantidades de gordura, que compõe cerca de
10% do seu peso. Quando o acúmulo de gordura excede esse valor, estamos diante
de um fígado que está acumulando gordura dentro do seu tecido. A esteatose
hepática pode ser dividida em Doença
gordurosa alcoólica do fígado (quando há abuso de bebida alcoólica) ou Doença
gordurosa não alcoólica do fígado, quando não existe história de ingestão de
álcool significativa.
Causas: A esteatose
hepática é mais comum no sexo feminino, provavelmente por ação do estrogênio. As
causas mais freqüentes são as Hepatites virais, a ingestão excessiva de bebidas
alcoólicas, a obesidade e o diabetes
mellitus tipo 2 não
controlado. Mais de 70% dos pacientes
com esteatose hepática são obesos. Quanto maior o sobrepeso, maior o risco de
desenvolver a doença. Uma de cada cinco pessoas com sobrepeso desenvolvem
Esteato-hepatite não alcoólica. Outras causas são a dieta pobre
em proteínas, Desnutrição ou
rápida perda de grande quantidade de peso, uso de alguns medicamentos como
corticóides, amiodarona, AAS, Metotrexato, vitamina A, ácido valpróico, tetraciclina, entre outros, a
cirurgia de bypass intestinal
para tratar situações de obesidade mórbida, e toxinas hepáticas.
Sintomas: a doença costuma
não apresentar sintomas, sobretudo se desenvolvida de forma progressiva. Nos
casos em que aparece subitamente, pode causar dor na parte superior direita do abdômen, icterícia, boca seca,
sensação de "ressaca" como indisposição após alimentações um pouco
mais gordurosas.
Diagnóstico: o primeiro passo
para o diagnóstico é a realização de uma história
clínica, com o objetivo de identificar causas possíveis para esta situação.
O exame físico também é
importante, pois permite identificar, através da palpação abdominal, a
existência de um fígado aumentado de tamanho (hepatomegalia), com uma superfície lisa e indolor. As análises de sangue que traduzem
o funcionamento do fígado revelam apenas ligeiras alterações inespecíficas. Na
esteatose hepática, as enzimas do fígado estão geralmente normais, enquanto na
esteato-hepatite há aumento das mesmas. O diagnóstico geralmente é feito com
exames que permitam visualizar o fígado, como ultrassonografia abdominal, tomografia computorizada, ou ressonância
magnética, que evidenciam um excesso de gordura no fígado. O
diagnóstico de certeza é feito com a realização de uma biopsia hepática, embora esta não seja, geralmente,
necessária. Morfologicamente é difícil diferenciar o fígado gorduroso alcoólico
do não-alcoólico.
Não se sabe ao certo
como se desenvolve a esteatose hepática. Nem todas as pessoas que ingerem
bebidas alcoólicas em excesso, que têm diabetes mellitus, que são obesas ou que
tomam corticóides surgem com esta doença. Nas
pessoas que desenvolvem esteatose hepática, existem mecanismos anormais que
favorecem o acúmulo de gordura no fígado. A gordura em excesso pode vir
de outras partes do organismo, ou de uma absorção excessiva de gordura no
intestino proveniente da alimentação. Pode também ser devida a uma diminuição
da degradação e remoção de gordura pelo fígado.
Tratamento:
esta doença não tem um tratamento específico. Quanto maior e mais
prolongado for o acúmulo de gordura no fígado, maiores são os riscos de lesão
hepática. Quando há gordura em excesso e por muito tempo, as células do fígado
podem sofrer danos, ficando inflamadas. Este quadro é chamado de
esteato-hepatite ou hepatite gordurosa. A esteato-hepatite é um quadro bem mais
preocupante que a esteatose, já que cerca de 20% dos pacientes evoluem para
cirrose hepática. Portanto, a esteatose hepática é um estágio anterior ao desenvolvimento
da esteato-hepatite que, como o próprio nome diz, é uma hepatite causada por
excesso de gordura. Nem todo paciente com esteatose hepática irá evoluir para
esteato-hepatite.
Devem
adotar-se medidas que conduzam à regressão e ao desaparecimento da esteatose,
ou que evitem a progressão para situações mais graves de inflamação, fibrose,
cirrose hepática, e Câncer de Fígado. Estas medidas são adotadas tendo em conta
a causa desencadeante, visando a eliminação dessa causa, ou o tratamento da
doença de base.
Se a causa é a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas, então há que suspender
essa ingestão o mais rapidamente possível, recorrendo sempre ao apoio médico
para se evitarem situações de abstinência alcoólica. Se a causa for a
obesidade, devem adotar-se medidas que visem a perda de peso. Se esta doença
estiver sendo provocada por um determinado medicamento, há que substituí-lo por
outro de efeito equivalente, nunca esquecendo que essa substituição só deverá
ser realizada pelo seu médico. Nos casos devidos a erro alimentar, é importante
corrigir essa deficiência.
Um exemplo de
tratamento da doença de base são os doentes com diabetes mellitus mal
controlada que desenvolvem esteatose hepática. Nesta situação, o doente deve
esforçar-se por manter os níveis de açúcar no sangue dentro dos valores normais,
conseguindo assim reverter a esteatose, com acompanhamento médico e uso de medicamentos em casos especiais,
acompanhamento nutricional e atividade física programada. A perda de peso é,
talvez, a mais importante medida terapêutica. Todavia, deve-se limitar
a perda de peso ao máximo de 1,5 kg por semana para se evitar uma piora do
quadro. A prática regular de atividade física também ajuda muito, pois diminui
o colesterol, o Triglicerídeo, a Glicose e aumenta o efeito da insulina. Em
doentes com obesidade mórbida, a cirurgia bariátrica pode ser uma opção.
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